As linhas étnicas básicas, apontadas pela maioria dos etnólogos, na formação dos povos de Angola são três: Os bosquímanos ou mukuankalas que, juntamente com os hotentotes dominaram cerca de metade do sul da África até cinco milênios atrás e que se limitavam às suas tradições de caça e colheita de frutos e raízes para a sobrevivência. Quando então os bantu (plural de n’tu, que significa ser humano), povo migrante do norte em busca de terras melhores, invadiram a região. Mais numerosos e melhores armados, logo se tornaram “senhores” das planícies e florestas. Trouxeram com eles costumes diferentes de caça e pesca e a agro-pecuária. Antes de uma etnia, os bantu seriam um grupo parentesco lingüístico formado por diversos povos.
Com o passar dos séculos, cada grupo, vivendo separadamente, modificou costumes, tradições e mesmo a língua mãe, formando uma imensa quantidade de dialetos (260 aproximadamente), embora bantu originais. Hoje superam em mil vezes a diferença étnica da população primitiva de Angola que, nos dias de hoje, são encontrados em algumas localidades no sul. O kimbundu (denominado de mbundu ou bundu), o kikongo (confinando os dialetos kixikongo, kioko e lunda) e o umbundu, são os dialetos mais falados e usados na Angola atual.
Com a chegada dos europeus no século XV as tradições ancestrais foram, aos poucos, “infectadas” pela ganância e outros despropósitos da cultura ocidental. Abrindo comércio com Manikongo (Rei do Congo), inicialmente pacífico, começou também a evangelização do povo, que culminou com a conversão do descendente direto de Tata Akongo (ancestral divinizado) ao catolicismo, hoje a religião predominante em toda Angola.